4 de ago. de 2007

Saneamento Básico – O Filme


Você já ouviu falar em Jorge Furtado? Sabe quem é? Pois deveria saber.... porque tudo que leva o nome dele na direção, é sinônimo de qualidade. Dos longas e curtas que vi, apenas Meu Tio Matou um Cara ficou abaixo do seu potencial (não tinha trama pra enrolar por tanto tempo).
Ilha das Flores, muita gente já viu. É um curta-metragem exibido em escolas e faculdades (e na TV, obviamente), sobre uma Ilha no Sul do País, onde os porcos têm prioridade no lixão e as pessoas só podem entrar depois para pegar as sobras. Um curta inventivo que faz uma denuncia terrível, usando a tão (depois) copiada fórmula do polegar opositor.
Pouca gente conhece seu primeiro longa, Houve Uma Vez Dois Verões, de 2002. A história de um adolescente virgem que transa com uma garota desconhecida que depois diz estar grávida. Um filme muito simpático, com um elenco de jovens desconhecidos (incluindo o filho do diretor, Pedro Furtado, eficiente no papel do amigo), e uma profusão de diálogos simples, mas muito inspirados. Particularmente prefiro este à O Homem que Copiava, que também é um filme divertido, e esse sim, conhecido do grande público.
Até eu saber que Saneamento Básico – O Filme era um filme de Jorge Furtado, não dava nada por ele. Wagner Moura... Lázaro Ramos.... ih.... deve ser mais um Ó Pai ó da vida. Ou então uma comédia boba que fala sobre cocô.
Mas não, este é o quarto longa-metragem de Jorge Furtado! E não deu outra, o filme é uma comédia deliciosa, sem uma única apelação ou piada desnecessária. Tudo na medida, na hora certa, na quantidade certa.
A começar pela trama, que trata de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, que não possui sistema de esgoto, causando problemas à população. Quando os moradores vão, mais uma vez, solicitar da prefeitura uma verba para efetuar a obra, são surpreendidos com um dinheiro disponível do governo federal, destinado exclusivamente para a produção de um filme de ficção, para cidades com menos de 20 mil habitantes.
A solução encontrada pelas personagens dos excelentes Wagner Moura e Fernanda Torres, é aproveitar essa grana para fazer uma fita que fale dos problemas deles com o esgoto a céu aberto da cidade, e assim, chamar a atenção das demais autoridades.

Mas o que é exatamente um filme de ficção? Isso é uma das coisas que geram uma das divertidas discussões da história, quando chegam a conclusão que ficção é filme de monstro!
Ajudados por Camila Pitanga e Bruno Garcia, resolvem pôr a mão na massa e começam a filmar, com talento zero. São amadoristicamente péssimos, o que torna muito divertida as façanhas do grupo. Até uma participação especial de Zéu Britto e Lucio Mauro Filho, como os operários da obra, também muito engraçados.
Lázaro Ramos entra na parte final da trama, pra dar o arremate final no Monstro do Fosso (título do filme deles), com a habitual competência de sempre, assim como os demais da fita, incluindo Tonico Pereira, na pele de um italiano que é o responsável pela obra de saneamento.
Mas quem chama atenção mesmo é Paulo José. Driblando seus problemas de saúde, consegue dar um show como o pai palpiteiro de Fernanda Torres, que não acredita no projeto, mas que depois resolve também fazer uma participação.
Saneamento Básico – O Filme tem um roteiro inspirado, com ótimos diálogos e um elenco impecável. Como comédia, é disparada a melhor de 2007. Até agora. Há muito tempo que não ria tanto no cinema. Corram já pra ver, antes que saia de cartaz!

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