O Ano em que meus Pais saíram de Férias
Um filme brasileiro com estética de filme argentino. Uma história cheia de crianças, mas que não é infantil. Tem Copa do Mundo no enredo, mas não é sobre futebol. O Ano em que meus Pais saíram de Férias é o novo filme do diretor Cao Hamburger, que estreou no cinema em 1999 com o excelente Castelo Rá-Tim-Bum, O Filme.
Como disse Maria do Rosário Caetano para o meu livro-reportagem (TCC) Crescendo com o Cinema – Os Filmes Infantis no Brasil, Cao “conhece muito bem o universo infantil e sabe tratar a criança sem paternalismo e sem excessos edificantes”. E realmente ele confirma seu talento com seu segundo longa, misturando drama com comédia de costumes, onde toda a trama é contada sob o ponto de vista de Mauro, um garoto de 12 anos que teve férias inesquecíveis em 1970, quando seus pais forçosamente saíram de férias.
Isso porque o casal é militante na luta contra a Ditadura e quando as coisas apertam, deixam Belo Horizonte e rumam em direção ao bairro do Bom Retiro, em São Paulo, para deixar o filho com o avô (Paulo Autran, em uma participação relâmpago, mas não menos brilhante).
Acontece que o avô acaba morrendo no mesmo dia e o menino fica esquecido no apartamento. Até virar o xodó dos vizinhos, muitos da comunidade judaica, que irão “adotar” Mauro, ou Moishla, como alguns o chamam.
Com alguma relutância, ele acaba cedendo e fica amigo de Hanna, uma garota muito esperta, de olhar maroto, que parece estar sempre no comando da operação. É ela que lhe mostra o caminho da diversão nas ruas, com a garotada, a pelada de futebol no campinho e as espiadas nos provadores da confecção de sua mãe.
O diretor Cao consegue nos mostrar com maestria o ponto de vista infantil das coisas. O período da pré-adolescência, as dificuldades e descobertas da vida. Até a sexualidade latente no relacionamento do casal de crianças é passado com delicadeza.
O futebol está bastante presente no filme, que originalmente ia se chamar Minha Vida de Goleiro, já que esse era o desejo de Mauro quando crescesse.
O roteiro é bastante eficiente ao trazer a Copa de 70 como pano de fundo, as discussões da época em que se duvidava que Pelé e Tostão pudessem ser titulares; a busca pela figurinha mais difícil para completar o álbum; o grupo de comunistas que tentava torcer contra a seleção, que servia como simbolismo para o triunfo dos militares.
A miscigenação e tolerância étnica da capital paulista é outro ponto abordado, já que negros, judeus, gregos e italianos, entre outros, convivem pacificamente na cidade.
Também ajuda a escolha do elenco, em que apenas Simone Spoladore e Caio Blat são conhecidos do público (e Autran, obviamente), mas estes pouco aparecem no filme. O carisma e encantamento dos novatos Michel Joelsas e Daniela Piepszyk, garantem o charme do filme, além da bela direção de arte.
O Ano em que meus Pais saíram de Férias é uma grata surpresa. Uma história sensível e humana. Um filme prazeroso que diverte e encanta. Se você costuma fazer lista dos melhores filmes do ano, reserve um lugar entre os primeiros.
Isso porque o casal é militante na luta contra a Ditadura e quando as coisas apertam, deixam Belo Horizonte e rumam em direção ao bairro do Bom Retiro, em São Paulo, para deixar o filho com o avô (Paulo Autran, em uma participação relâmpago, mas não menos brilhante).
Acontece que o avô acaba morrendo no mesmo dia e o menino fica esquecido no apartamento. Até virar o xodó dos vizinhos, muitos da comunidade judaica, que irão “adotar” Mauro, ou Moishla, como alguns o chamam.
Com alguma relutância, ele acaba cedendo e fica amigo de Hanna, uma garota muito esperta, de olhar maroto, que parece estar sempre no comando da operação. É ela que lhe mostra o caminho da diversão nas ruas, com a garotada, a pelada de futebol no campinho e as espiadas nos provadores da confecção de sua mãe.
O diretor Cao consegue nos mostrar com maestria o ponto de vista infantil das coisas. O período da pré-adolescência, as dificuldades e descobertas da vida. Até a sexualidade latente no relacionamento do casal de crianças é passado com delicadeza.
O futebol está bastante presente no filme, que originalmente ia se chamar Minha Vida de Goleiro, já que esse era o desejo de Mauro quando crescesse.
O roteiro é bastante eficiente ao trazer a Copa de 70 como pano de fundo, as discussões da época em que se duvidava que Pelé e Tostão pudessem ser titulares; a busca pela figurinha mais difícil para completar o álbum; o grupo de comunistas que tentava torcer contra a seleção, que servia como simbolismo para o triunfo dos militares.
A miscigenação e tolerância étnica da capital paulista é outro ponto abordado, já que negros, judeus, gregos e italianos, entre outros, convivem pacificamente na cidade.
Também ajuda a escolha do elenco, em que apenas Simone Spoladore e Caio Blat são conhecidos do público (e Autran, obviamente), mas estes pouco aparecem no filme. O carisma e encantamento dos novatos Michel Joelsas e Daniela Piepszyk, garantem o charme do filme, além da bela direção de arte.
O Ano em que meus Pais saíram de Férias é uma grata surpresa. Uma história sensível e humana. Um filme prazeroso que diverte e encanta. Se você costuma fazer lista dos melhores filmes do ano, reserve um lugar entre os primeiros.
2 comentários:
oi Feee. Parabéns pelo blog!!! Além de lindo, é ótimo ler sobre os filmes para se ter uma idéia do que é bacana assistir no cinema!!
Só senti falta de sua crítica em relação ao filme "Jogos Mortais 3"!!! Faz vai!!!!!
Beijocas grandes no coração,
Lu :O)
O melhor filme brasileiro do ano...sem dúvidas...
Gostei bastante da crítica. Parabéns.
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